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Junho de 2021

 

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Palavras que marcam

     
Nuno Camarneiro,  "No meu peito não cabem pássaros"
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Quando se trata de situações dramáticas, de autêntico flagelo humano como é o caso deste avassalador Coronavírus em contínua evolução, a precariedade dos nossos comentários pode ser inibidor. Todas as vezes em que acabamos de registar a informação que nos é disponibilizada, a vai logo desmentir ou fazer envelhecer.

Apesar da sua juventude, são vários os nomes de crianças e jovens que resolvem fazer-se ouvir e defendem causas que visam a criação de um mundo mais justo. Percorrem um caminho arriscado, podem vacilar, mas não desistem e o mundo terá de as homenagear pelo risco que correm e pelas mudanças que provocam. Malala é uma dessas jovens cujo rosto e palavras correram mundo e que fez do direito da mulher à educação, lutando contra a discriminação que caracteriza a lei do seu país, a sua razão de viver.  

Malala Yousafzai

Malala Yousafzai, jovem paquistanesa, tornou-se mundialmente conhecida depois de, em 2012, ter sido baleada na cabeça por talibãs ao sair da escola. Tinha 15 anos e este ataque foi uma retaliação pelo facto de se manifestar contra a lei do seu país que discriminava as mulheres, proibindo-as de frequentarem a escola. 

Nascida no Vale do Swat, no norte do Paquistão, no dia 12 de junho de 1997, tinha uma família tradicional: a mãe, Tor Pekai Yousafzai, tinha uma vida doméstica e o seu pai, Ziauddin Yousafzai, era dono e professor de uma escola. Menos tradicionais eram os interesses da jovem, já que as áreas como a educação física, a literatura, a história e a política a atraíam, contrariando os hábitos locais. Mas o seu gosto e a sua vontade eram fortes e, apesar de ter apenas 11 anos, a jovem começou a defender publicamente o acesso à educação para as raparigas, escrevendo num blog, anonimamente, para a BBC Urdu textos sobre “a vida sob o regime talibã”. Revelou um forte sentido crítico e uma coragem inacreditável, já que a opressão não a impediu de refletir sobre a sua condição e a das restantes jovens do seu país. Pelo contrário, essa situação parece tê-la impelido para a ação.  As suas palavras fizeram sucesso e começaram a incomodar os talibãs, que consideravam as ideias perigosas, pois colocavam em causa os mandamentos da religião. Descoberta a sua identidade,  no dia 9 de Outubro de 2012, quando Malala regressava a casa de autocarro, foi surpreendida por um grupo talibã que subiu a bordo e perguntou:”Quem é Malala?”. Ninguém respondeu, mas um dos homens reconheceu-a e disparou contra ela atingindo-a na cabeça. Malala foi socorrida e, quando apresentou algumas melhoras, foi levada para Birmingham, na Inglaterra, para ter um tratamento especializado. Conseguiu sobreviver e, não podendo regressar ao seu país, a  sua família mudou-se para Birmingham, onde vive exilada. 

A sua voz fez-se ouvir nos quatro cantos do mundo, tornando-se a defensora do direito à educação. Isto é a prova de que a palavra pode ser mais forte do que a violência, pois esta não conseguiu silenciar a jovem. 

Quando comemorou 16 anos, Malala foi para Nova Iorque, onde discursou para uma plateia com representantes de mais de 100 países, na Assembleia de Jovens das Nações Unidas. No fim do discurso, deixou claro que a causa que quase provocou a sua morte permanecia a mesma: “Os nossos livros e canetas são as armas mais poderosas. Uma criança, um professor, um livro e uma caneta podem mudar o mundo. Educação é a única solução”.

Em outubro de 2013, a sua história foi publicada na autobiografia “Eu Sou Malala”, escrita por Christina Lamb. Esta anunciou a criação de um fundo com o seu nome para promover a educação para raparigas no Paquistão. No dia 10 de outubro de 2013, Malala Yousafzai recebeu o Prémio Sakharov, dado pelo Parlamento Europeu, e um ano depois, o Prémio Nobel da Paz, tornando-se a pessoa mais jovem a receber esta distinção.

No dia 29 de março de 2018, Malala voltou ao Paquistão, depois de seis anos, onde se encontrou com o primeiro-ministro paquistanês na capital Islamabad. Esta fez um discurso televisivo bastante emotivo, no qual confessou que que se dependesse dela, jamais teria deixado o Paquistão. 

É impossível não admirar esta jovem que apresentou sempre um olhar e um tom sereno mas convicto, que enfrentou o medo e a opressão, que encarou multidões de frente e lhes mostrou que há direitos que não são discutíveis, que não dependem de opções políticas ou religiosas, porque são inerentes ao ser humano e não podem ser roubados. (Rafaela Santos, 12ºCC1)

 Emma González

Nasceu no dia 11 de novembro de 1999, sendo criada na Flórida, sendo os seus pais emigrantes cubanos.

 A luta de Emma contra a posse de armas e a violência começou quando esta ficou retida na sua escola, em Parkland, durante um massacre que sucedeu na mesma, no dia 14 de fevereiro. Emma encontrava-se no auditório quando o alarme se fez sentir. Um pouco mais tarde, a equipa da Swat encontrava-se no pátio da escola. Emma e os colegas que se encontravam consigo foram imediatamente mandados de volta para o auditório, onde ficaram retidos durante horas. González tentava acalmar os seus amigos e colegas enquanto procurava updates do que estava a suceder, no seu telefone.  17 dos seus colegas e professores foram mortos.

Após o atentado, Emma realizou um forte discurso no qual procurava promover o controlo de armas. Criticou vários políticos que aceitaram doações vindas da National Rifle Association, traduzida do inglês para Associação Nacional de Rifles. Também chamou a atenção para Donald Trump, uma vez que a sua campanha se alimentou de 20 milhões de dólares vindos da mesma associação. 

 Emma González continua a lutar pela causa em que acredita, ou seja, o maior controlo de armas e a eliminação da violência. Para que tal sonho se realizasse, esta co-fundou o grupo Never Again MSD, para a defesa do controle de armas. A rapariga que sobreviveu a tal massacre usa várias pulseiras, nas quais se encontram os nomes das pessoas que morreram na sua escola. No outro braço, usa uma outra pulseira onde estão presentes os nomes dos seus amigos que conseguiram, tal como ela, sobreviver. 

 O trabalho desta jovem é algo a que devemos prestar atenção. Esta inspira outros jovens a utilizarem a sua voz e a partilharem a sua opinião sobre o mundo.Da mesma forma que ela quando, durante a iniciativa March for Our Lives, no dia 24 de Março de 2018, subiu ao palco e disse o nome das vítimas. Depois calou-se e fez seis minutos de silêncio para que todos imaginassem como seria se tivessem de se esconder durante um período de tempo igual para não serem atingidos.  Foram designados como o “maior silêncio da história do protesto social dos EUA” por David Corn. (Emma Rodrigues, 12ºC)

 

 Louis Braille

Apesar de ainda serem muito novas, muitas crianças ao redor do mundo tomaram iniciativas que melhoraram a vida da sociedade e, em muitos casos, permitiram que milhares de outras pessoas tivessem acesso a itens básicos, como água potável, comida e educação. Uma dessas crianças que se destacou pela sua criatividade, resiliência, determinação e persistência foi Louis Braille. 

Este jovem francês tinha apenas 3 anos quando sofreu um acidente na oficina do seu pai e furou um dos olhos. Isso causou-lhe inúmeras infeções, que se espalharam para o outro olho e que fizeram com que, aos 5 anos, ele estivesse completamente cego. Independentemente da sua condição, os pais lutaram sempre para que Louis conseguisse na mesma estudar e desenvolver as suas capacidades, tendo-no enviado, aos 10 anos, para um instituto para jovens cegos, em Paris, onde ele continuou a estudar.

Aos 12 anos, ele conheceu um sistema de escrita para leitura no escuro desenvolvido por um capitão da Marinha francesa, o qual lhe despertou um grande interesse e o levou a decidir melhorá-lo. Nessa altura, o sistema era muito rudimentar e não oferecia pontuação nem permitia a identificação da maneira correta de escrita das palavras, baseando-se apenas nos sons que cada uma delas representava. Por isso, Braille empenhou todo o seu tempo livre durante três anos nesse sistema, tendo-o apresentado em 1824, com 15 anos, ao seu mentor, o qual encorajou os outros alunos a utilizá-lo. Aos 19 anos, Louis Braille tornou-se professor do instituto, onde trabalhou até morrer, em 1843. Após sua morte, o sistema espalhou-se por todo o mundo.

O Braille, como atualmente é designado, tornou a vida e o estudo dos estudantes cegos muito mais fácil e possibilitou-lhes o acesso a uma gama muito maior de informação. Foi, sem dúvida, um marco para quem sofre da cegueira, já que mudou completamente a vida destas pessoas, nomeadamente ao nível da sua formação pessoal e profissional. Além de ser essencial e de ter melhorado a qualidade de vida destas é, acima de tudo, um fator que proporciona a igualdade de oportunidades tanto no trabalho como na vida quotidiana dos cegos.

Portanto, Louis Braille é um ótimo exemplo de uma simples criança que com a sua força de vontade conseguiu mudar o mundo. De facto, transformou a cegueira, algo que à partida impossibilitaria as pessoas de estudar, ler ou ter um trabalho ou vida quotidiana ditos normais, em algo muito mais fácil de lidar e não tão limitador como era até então. Com efeito, o Braille, veio melhorar a vida destas pessoas, visto que lhes possibilitou ter as mesmas oportunidades em muitas coisas que as pessoas que não são cegas; proporcionando-lhes, assim, uma vida muito mais tranquila e prazerosa do que a que teriam se este sistema não fizesse parte das suas vidas. (Sara Azevedo, 12ºB)

 

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