Segundo o relatório Decifrar as chaves, a educação das mulheres e das meninas em matéria STEM, da UNESCO, publicado em 2019, apenas 35% dos estudantes STEM (acrónimo inglês para “science, technology, engineering and mathematics” - em português, ciência, tecnologia, engenharia e matemática) são mulheres. Além disso, só dezanove figuras femininas conseguiram, até à data, prémios Nobel relacionados com matérias científicas.
Embora os inúmeros progressos já realizados, é inegável que a ciência é ainda uma área na qual as mulheres são pouco reconhecidas. Felizmente, a história está repleta de mulheres inspiradoras que contribuíram para o alargamento do conhecimento do mundo, em virtude dos seus estudos revolucionários.
De facto, em inúmeras civilizações antigas, as mulheres participaram ativamente em âmbitos científicos. Na Grécia Antiga, por exemplo, Agamede, citada por Homero, era uma célebre curandeira, à semelhança de Agnodice, a primeira médica mulher a exercer legalmente a profissão em Atenas, no século IV a.C. Ainda na Grécia Antiga, destaca-se também Teano de Crotona, matemática, física, astrónoma, filósofa, médica, psicóloga e esposa de Pitágoras. Já no Egito, por sua vez, Hipácia, professora de astronomia, matemática e filosofia, salienta-se como a primeira matemática pelos seus grandes contributos na geometria, na álgebra e na astronomia. Muitos historiadores associam, inclusive, a sua morte ao fim da participação ativa feminina na ciência durante centenas de anos, o que explica o escasso número de mulheres relevantes neste âmbito nos séculos seguintes.
Contudo, Florence Sabin, que estudou profundamente os sistemas linfáticos e imunológicos do corpo humano e é considerada a primeira dama da ciência americana, Virginia Apgar, criadora da Escala de Apgar, que tem contribuído, desde então, para a diminuição da mortalidade infantil, Rosalind Franklin, responsável pela descoberta da estrutura molecular do DNA, e Mary Jackson, a primeira engenheira aeroespacial do que viria a ser a NASA, são alguns dos nomes que merecem certamente mais reconhecimento.
Pode-se concluir, portanto, que a iniciativa Mulheres na Ciência é de extrema relevância, já que apesar de todos os progressos desenvolvidos, a mulher é ainda pouco valorizada pelos seus contributos nos domínios científicos.