Vinte e quatro de fevereiro foi o dia em que o emblemático escritor Tiago Patrício proporcionou a três turmas (7º, 10º e 12º anos) da Escola Secundária Abade de Baçal, com encontro na Biblioteca da mesma escola, patrocinado pela Biblioteca Municipal, um belíssimo convívio.
Por parte da plateia em geral, evidenciou-se uma determinada simpatia específica em relação ao escritor. Tiago Patrício proporcionou-nos a vivência de um clima não só de exposição relativamente às suas obras, mas de partilha de opiniões e emoções.
Além da divulgação do seu trabalho literário, pudemos perceber grande parte do seu percurso pessoal. Envolvidos num ambiente de curiosidade e admiração, não só alunos como todos os participantes na receção ao escritor, apercebemo-nos, ao fim de poucos minutos, entusiasmados pela peculiaridade do seu discurso e da sua aproximação a cada um de nós. É disto que se trata um escritor: da sua aproximação ao leitor, aos fãs concebidos na fome da leitura, na conquista de informação e alcance da verdadeira essência de uma bela história, neste caso um romance, ou até mesmo todo um conjunto de motivos pessoais (ou não) que desencadearam a escrita do mesmo. De facto, este momento foi a prova concreta de que as “palestras” dadas por escritores, entendidas na generalidade e mais concretamente entre as camadas jovens como monótonas e aborrecidas, podem ser emocionantes.
Desta experiência, e destacando a minha clara opinião, é de salientar a humildade e o orgulho que se evidenciaram em Tiago Patrício. Foram nomeadamente estas qualidades que fizeram despertar em nós, enquanto leitores, um sentimento de identificação com o autor, tão genuíno quanto as raízes em comum. Sim, porque o escritor em questão, apesar do seu nascimento no Funchal, cresceu e viveu até aos 19 anos em Carviçais (Moncorvo), raízes claramente transmontanas.
Tiago Patrício evidenciou ao longo de todo o encontro, sob a feição de escritor mas também de personalidade própria, um forte espírito crítico delineado por uma encantadora perspicácia. Não esquecendo os seus horizontes alargados com vista à inovação, também ele mostrou uma notável ânsia de experimentar e conquistar algo que marque a diferença no mundo das letras, como ele próprio confessou.
No momento de finalizar o encontro, assume um destaque especial a proposta por parte do escritor assente na ideia de escolher aleatoriamente dois alunos de sétimo ano, um de décimo e outro de décimo segundo com o intuito de, em conjunto com ele próprio, encenar passagens da sua obra célebre: Mil Novecentos e Setenta e Cinco. Uma experiência lúdica que cessa com um humilde e nobre “obrigado” por parte do escritor.
É este artigo que, da minha parte e em nome de todos os presentes, servirá de agradecimento pela sua presença e colaboração naquele que foi um encontro literário marcado pelas dicotomias formalidade/informalidade, racionalidade/emoção.