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Se fosse vivo e se fosse possível viver tantos anos, teria feito, no dia 9 do passado mês de abril, 150 anos. Falamos de Francisco Manuel Alves, mais conhecido por Abade de Baçal, patrono da nossa escola.

 Nascido na aldeia de Baçal, donde eram naturais os seus pais, uma família de lavradores, foi ordenado sacerdote em 1889, e, nesse mesmo ano, nomeado pároco encomendado de Mairos, onde foi provido como reitor, em 1893. Em 1895 foi nomeado pároco ou abade da sua terra natal, nome pelo qual ficou, para sempre, conhecido.

O facto de nunca ter paroquiado outra freguesia depois de ter sido nomeado para a paróquia de Baçal permitiu-lhe uma vida dedicada a outras atividades para além da vida religiosa.
Quem o conheceu descreve-o como uma pessoa humilde e sempre em contacto com os outros. O Abade de Baçal representa uma figura ímpar na cultura e na história do Nordeste Transmontano.
Francisco Manuel Alves teve uma atitude humana verdadeiramente notável no seu tempo para com os cidadãos e manifestou-a enquanto etnógrafo, etnólogo, historiador e enquanto sacerdote, legando à região, e em particular ao museu que, em sua homenagem, lhe tomou o nome, um muito significativo espólio e acervo documental, ainda hoje fundamentais para o conhecimento da região.
A diversidade do acervo documental do Abade de Baçal reflete grandemente o seu espírito autodidata e colecionista, bem como o rigor científico de homem conhecedor e amante das humanidades, no espírito do intelectual do seu tempo.
Ao longo da sua vida, procurou encontrar uma entidade para Trás-os-Montes, através da história. Para ele, o conhecimento do passado e a sua reconstituição era uma forma de intervenção no seu tempo.
A paixão pela arqueologia, etnografia e história foi assumida com esforço e muito amor ao torrão natal, que a sua vasta obra amplamente revela, nela se destacando as Memórias arqueológico-históricas do Distrito de Bragança, constituídas por onze volumes, fonte incontornável para o estudo da vida, história e valores do nordeste transmontano.
Consciente da importância da preservação da cultura material, patrimonial e artística da região como fator primordial do seu desenvolvimento e formação dos seus cidadãos, empenha-se, juntamente com alguns amigos, na formação de um museu, para o qual foi nomeado diretor em 1925. Em 1935, data da sua jubilação, e em sua homenagem, o Museu assumirá a designação de Museu do Abade de Baçal. No mesmo ano, foi implantado um busto do Abade no Jardim António José de Almeida e, posteriormente, foi dado o seu nome a uma das avenidas mais importantes da cidade de Bragança. Pelo despacho n.º 151/SERE/92, a Escola Secundária da Sé adota o nome de Escola Secundária Abade de Baçal.
Para a homenagem ser completa, resta resolver a questão da recuperação da casa que pertenceu ao Abade, na aldeia de Baçal, cuja degradação é visível.
Até 1947, data da sua morte, é ainda objeto de diversas homenagens.
Pode-se considerar que o Abade de Baçal fez pela sua região o que ninguém fez por qualquer outra região deste país.
Relembrar Abade de Baçal é relembrar a identidade cultural desta região.
Referências:
PROJETO Tratamento, salvaguarda, digitalização e disponibilização do arquivo do ABADE DE BAÇAL
http://www.matrizpci.dgpc.pt/MatrizPCI.Web/Inventario/Entidades/EntidadesConsultar.aspx?IdReg=431
http://www.cm-mirandela.pt/index.php?oid=3555

 

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