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A pandemia levou a uma mudança drástica nos nossos hábitos. O facto de termos de passar mais tempo em casa e de utilizarmos o mesmo espaço para trabalhar, estudar, ter aulas, fazer exercício físico e relaxar levou a população a ter de se reinventar e adaptar.  

 

Nesse sentido, os números de visualizações de vários canais de Youtube e sites de exercício físico durante o período de confinamento aumentaram exponencialmente. Em todo mundo muitas pessoas apostaram neste método para se manterem em forma, libertarem o stress e combaterem o sedentarismo. Assim, começaram a assistir aos diretos ou aos vídeos publicados por ginásios, bem como por youtubers como a Pamela Reif, a MadFit e a Chloe Ting.    

Além disso, para passar o tempo, a população aderiu a vários movimentos e desafios que se tornaram virais, como, por exemplo, o desafio do papel higiénico, que nasceu em Espanha com um ex-jogador do Benfica, Joan Capdevilla, e o fabrico de pão caseiro, os quais fizeram esgotar o papel higiénico, o fermento e a farinha em vários supermercados.  

Houve uma maior dedicação à culinária por parte das pessoas, visto que estas começaram a confecionar novos pratos doces e salgados que deliciaram os mais gulosos, como, por exemplo, pão de queijo, dalgona coffee, entre outros. 

Os serviços de entrega ao domicílio aumentaram, tendo várias empresas nacionais e multinacionais alargado a sua zona de ação por vários pontos do país, quer ao nível das entregas de comida preparada quer de compras online de roupa ou produtos de supermercado. 

Como forma de entretenimento, comunicação e interação com o outro, foram várias as pessoas que procuraram, mesmo à distância, novas plataformas. É o caso de redes sociais como o TikTok e a House Party e das plataformas de streaming, como a Netflix e a HBO. Também os diretos realizados no Instagram e no Youtube por vários famosos e os concertos à janela, que tiveram como objetivo distrair a população e agradecer aos profissionais de saúde, respetivamente, foram uma constante. 

Finalmente, o isolamento devido a este período pandémico provocou imensa ansiedade, que causou consequências ao nível mental, já que a população se viu obrigada a ficar em casa e a alterar os seus hábitos diários. Nesse sentido, a análise das vendas mostrou que a compra de antidepressivos aumentou durante a pandemia comparativamente com períodos anteriores. Um estudo realizado pela Mind - Instituto de Psicologia Clínica e Forense, que contou com a colaboração do Centro de Investigação em Psicologia da Universidade Autónoma de Lisboa e do Departamento de Educação e Psicologia da Universidade de Aveiro concluiu que, numa fase inicial da pandemia, quase metade dos portugueses (49,2%) sentiu um impacto psicológico “moderado a severo”, experimentando depressão, ansiedade e stress. Naturalmente, os mais afetados são os que pertencem a grupos de risco ou mais debilitados. As reações das pessoas diferem, mas evidenciam o impacto que esta situação tem na sua vida quotidiana e mental: o receio de infeção faz com que se estejam continuamente a desinfetar a si e aos objetos à sua volta com medo de ficarem doentes, com que se afastem dos outros mais do que o previsto, que prejudiquem o trabalho, evitando deslocar-se a esse local ou tocar nos objetos que lá estão. A pandemia condiciona-os  todos os dias, o que levou o psiquiatra Vítor Cotovio a dizer que a sociedade está a viver atualmente “uma angústia existencial pandémica”, o que agrava também a situação daqueles que já sofriam de qualquer transtorno: “Uma vez que a pandemia traz a ideia de contaminação, uma pessoa que tenha uma perturbação obsessiva compulsiva pode sofrer um aumento dos sintomas. E o mesmo acontece com alguém que tinha a doença controlada há anos.”

 

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