A vitória da banda “The Black Mamba”, no festival da Canção 2021, não foi recebida com entusiamo por todos os amantes da Eurovisão, de tal modo que iniciou um movimento nas redes sociais apelando ao facto de ser uma canção cantada na língua de Shakespeare e não na língua de Camões (ambos celebridades da cultura linguística Inglesa e Portuguesa, respetivamente).

A revolta só começou porque a música venceu o concurso e irá (de forma brilhante, diga-se de passagem) representar Portugal com uma canção intitulada “Love Is On My Side”, que traduzindo significa O Amor Está Ao Meu Lado (Já que não podem contar com o apoio de todos os portugueses ao lado deles, ter amor já é muito bom!)

Se o facto de ser cantada em inglês está a ser uma problemática de tal tamanho, o Festival da Canção deveria (seriamente) colocar no regulamento de participação o seguinte artigo: “Para evitar constrangimentos futuros, a Organização do Festival da Canção determina que todas as canções a concurso devem ser cantadas em português”. Se tal restrição não é imposta nem pelo regulamento nacional do Festival da Canção,  nem pela própria Eurovisão, que razão existe para não apoiar a canção vencedora? Será a questão da língua argumento suficiente?

Sendo assim, porque é que apoiam Cristiano Ronaldo quando não joga numa equipa portuguesa? Sei que são coisas diferentes, mas, na minha opinião, acaba por ser o mesmo.

Assim, não me incomoda o facto de Portugal apresentar uma canção em inglês, pois convém relembrar que a banda é bem portuguesa e o caráter do país não se perde, portanto. Será que se o título fosse em português, a mensagem seria diferente? O seu espírito seria mais português? Será que a música não vale por si? Veja-se o que aconteceu com Salvador Sobral e a adesão da Europa à sua canção, ainda que não compreendesse a letra.

Concluindo, se a música é uma linguagem universal, será relevante a língua que a acompanha? Na minha opinião, não, e um evento como o Festival da Canção não deve impor a língua em que cada um escolhe cantar.