Palavras que marcam

     
Nuno Camarneiro,  "No meu peito não cabem pássaros"
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No dia oito de março decorreu a Fase Municipal do Concurso Nacional de Leitura num modelo totalmente remoto, adaptado à realidade da pandemia que atravessamos, com a participação dos vinte e quatro alunos vencedores da Fase Escolar dos Agrupamentos do concelho brigantino. Esta sessão foi organizada pelo Município de Bragança, numa iniciativa do Plano Nacional de Leitura, em articulação com a Direção Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas e a Rede de Bibliotecas Escolares. Em cada nível de ensino foram apurados quatro vencedores, os quais irão representar o Concelho de Bragança na Fase Intermunicipal em Vila Flor no dia 22 de abril.


Nesta fase municipal, cada participante teve de ler previamente uma obra: no primeiro ciclo, “A Manta do José” de Miguel Gouveia; no segundo, “O Barco das Crianças” de Mário Vargas Llosa; no terceiro, “O país das laranjas” de Rosário Alçada Araújo.
Segundo José Costa, aluno do segundo ciclo, o autor do livro que leu é “um escritor que dispensa apresentações”, que foi laureado em 2010 com o Prémio Nobel da Literatura. Na obra que li está patente a narrativa de um menino que encontra, todos os dias antes de ir para a escola, um idoso sentado num banco a observar o mar como que à espera que algo de especial aconteça."
O livro escolhido para o terceiro ciclo,  no qual está presente a história de dois irmãos austríacos, adotados, depois da segunda guerra mundial, por duas famílias portuguesas, uma residente na aldeia do Romeu, Mirandela, e a outra residente na Covilhã, Serra da Estrela, é, para João Cordeiro, do 7ºC, "um livro muito interessante que sugiro que leiam”.
No âmbito do ensino secundário, os participantes leram “O Caderno dos Sonhos” de Julien Sandrel, que, segundo Iolanda veiga, do 12ºA, é "um livro que contém uma história muito emotiva que nos enche de esperança e que nos permite refletir acerca de muitos aspetos do nosso quotidiano, coisas sobre as quais não pensamos fortemente, como é o caso da importância das relações humanas, a mudança que os acontecimentos trágicos trazem para a nossa vida e forma de viver, a necessidade de aproveitar cada momento, relembrando-nos, portanto, do que realmente importa na vida."
Assim, a prova era constituída por duas partes, teórica e oral. A prova oral decorria mediante o apuramento da fase teórica. A estrutura da prova no primeiro ciclo diferenciou-se das restantes, as quais eram muito similares. No nível mais precoce, o primeiro momento era composto por um conjunto de perguntas, seguido da leitura de um excerto da obra lida. Por último, o último segmento consistiu na questão do júri para a enumeração dos argumentos convincentes para a leitura do livro lido. Nas restantes categorias, o campo teórico encontrava-se dividido, sendo o primeiro momento composto por perguntas de escolha múltipla e o segundo pela redação de um texto, no caso do secundário, argumentativo sobre as relações humanas (tema relacionado com a obra). Na oral os participantes escolheram uma fotografia, relativa ao livro lido, por trás da qual havia uma pergunta a que responderam oralmente perante o jurado.
Após a realização de todas as provas, foram anunciados os escolhidos para a representação do concelho na Fase Intermunicipal, destacando-se, no nosso Agrupamento,  Ana Lia João, da turma MO8 do quarto ano, José Costa, da turma D do sexto ano,  João Francisco Cordeiro, da turma C do sétimo ano e Iolanda Veiga, da turma A do décimo segundo da Escola Secundária Abade de Baçal.
Para os participantes supramencionados correu tudo como esperado, apesar de apontarem alguns constrangimentos. Para a Ana João houve algum receio inicial com a entrada na plataforma StreamYard, mas concluiu que a adesão foi fácil. O José Costa apenas referiu que a fase oral foi, para si, uma completa novidade.
Relativamente a possíveis mudanças na estrutura, os dois mais jovens referiram que gostariam que fosse presencial, mas, atendendo à situação de pandemia vivenciada, era impossível a realização noutro formato. A Ana João acrescentou que preferia ter tido um período de tempo maior para a leitura. Os discentes do terceiro ciclo e do secundário não mudariam qualquer aspeto, apontando que o concurso foi bem estruturado e coerente.
Posto isto, todos os jovens apreciaram a participação no concurso. Para a Ana João, o mesmo “foi divertido”, tendo avaliado o conhecimento da obra e a leitura da mesma. Do ponto de vista do José Costa, estas iniciativas são na sua totalidade positivas, "já que são experiências enriquecedoras, mesmo não alcançando os objetivos, ou seja, passar à fase seguinte". Para a mente do João Cordeiro, estas competições são importantes, "pois promovem a leitura e também desenvolvem as capacidades de argumentação e de superação do nervosismo habitual nestas circunstâncias, melhorando a capacidade de falar para um público vasto". Por último, para a Iolanda Veiga, o concurso em questão promove a leitura, auxiliando os participantes a “desenvolver a escrita, nomeadamente argumentativa”, bem como a parte oral.
Na Fase Intermunicipal, os livros escolhidos são: “A cidade que deixou de sorrir” de Milu Loureiro no primeiro ciclo, “O rapaz e o robô” de Luísa Ducla Soares, no segundo ciclo, “O homem que plantava árvores” de Jean Giono, no terceiro ciclo, e “Léxico familiar” de Natália Ginzburg, no ensino secundário.
Concluindo, este é um concurso que tem como objetivo estimular o gosto e o prazer da leitura para melhorar o domínio da língua portuguesa, a compreensão leitora e os hábitos de leitura. Simultaneamente, a participação dos alunos nestas iniciativas é sempre relevante e importante.

 

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