A A A

Foi à conversa com o geólogo Rui Alves Vieira, no dia 19 de dezembro, às 21:30h, na Casa da Seda, que ficámos a saber um pouco mais sobre o conhecido “ouro negro”.

O orador iniciou a sua apresentação informal com um ditado árabe (“O meu pai andava de camelo, eu ando de Rolls-Royce, o meu filho anda de avião a jacto e o filho dele há-de voltar a andar de camelo “) para explicar que os nossos antepassados não tiveram a oportunidade de usufruir dos vários derivados do petróleo, como veículos motorizados, e que essa é exatamente a realidade que espera as gerações futuras, caso o homem não consiga superar o obstáculo “fim do petróleo”.

 A realidade é simples: a nossa sociedade é dependente do petróleo, quer como fonte de combustível quer de produtos derivados como plástico, tecidos sintéticos, asfalto, medicamentos, borracha sintética, entre muitos outros…

Retomando os primeiros momentos da descoberta do petróleo, que ocorreu a 27 de Agosto de 1859, quando o Coronel Drake, numa sondagem realizada a 23 metros de profundidade, iniciou uma produção diária de cerca de 25 barris. É pelo facto do petróleo ter começado a ser vendido em barris que a sua quantificação é, efetivamente, em barril. Hoje em dia, a população do planeta consome em média 85 milhões de barris por dia de petróleo; por outro lado, pouco a pouco, a sua produção vai decrescendo. Eis que surge a questão: quando é que o petróleo acaba? O geólogo Rui Alves Vieira respondeu ceticamente a essa dúvida, considerando que as estimativas são maleadas conforme os interesses das grandes exploradoras de petróleo. Avançou com a estimativa de 40 anos.

Apesar de vários estudos em território português, estes concluíram que em Portugal não há muitas bacias sedimentares, e as que existem não se revelam promissoras do ponto de vista económico. Como já trabalhou numa dessas empresas, o geólogo explicou o modus operandi das pesquisas. Inicialmente há uma análise gravimétrica, uma vez que o petróleo é menos denso que as rochas encaixantes, há anomalias. Estas análises gravimétricas são seguidas de uma análise sísmica. São espalhados vários sismógrafos sobre uma área e uma infraestrutura controlada pelos geólogos, provoca pequenos sismos. Através da análise dos intervalos de tempo das várias ondas sísmicas, estes conseguem determinar se a área pode vir a ser uma potencial fonte de petróleo. As sondagens são iniciadas e, se tudo correr bem, segue-se o processo de  extração de petróleo.

No entanto, os Estados Unidos não possuem bacias sedimentares significativas de modo a satisfazer as necessidades da sua grande população, sendo que escolhem um método mais arriscado, a exploração de gás de xisto. Através do fraturamento hidráulico, e a introdução de água, permitem extrair este gás que tem uma composição química muito semelhante à do petróleo. Como já referido, este processo é polémico, dado que, ao fraturar os terrenos, pode ocorrer a contaminação de lençóis de água, e até mesmo da água potável que a população consome.

 O petróleo vai acabar, e nós, jovens, vamos presenciar, muito provavelmente, essa crise histórica. Na opinião do geólogo, a alternativa mais provável de fornecimento de energia é a fissão nuclear, método que hoje em dia é utilizado, ainda que a uma escala muito pequeníssima, pois trata-se de algo muito difícil de controlar. Ou, simplesmente, podemos ver um futuro alternativo, ainda que menos provável: o Homem pode não encontrar o candidato correto a melhor tempo, e podemos ser obrigados a adotar os mesmos hábitos e estilo de vida dos nossos antepassados.

 

Moodle Appliance - Powered by Solemp