Há 25 anos caía o muro de Berlim. Tempo para perceber melhor os contornos desta história. Uma primeira preocupação prende-se com a necessidade de tentar perceber como era o mundo, em termos políticos e estratégicos, quando foi construído o muro de Berlim. Este muro foi o maior símbolo da divisão do mundo entre bloco ocidental e oriental. O primeiro, liderado pelos Estados Unidos, tinha o capitalismo como sistema económico. Já o segundo, liderado pela antiga URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), era adepto do socialismo.
Esta configuração do mundo formou-se após o término da Segunda Guerra Mundial, que durou de 1939 a 1945. No final da Guerra, dois países saíram fortalecidos: os EUA e a URSS. Com a polarização destas potências, são iniciados confrontos indirectos e disputas estratégicas entre as duas novas potências mundiais. Este fenómeno ficou conhecido como Guerra Fria.
Desta forma, diversas alterações no panorama geopolítico começam a surgir, pois os dois países soberanos tentavam ampliar a sua influência sobre outras nações. Neste contexto, o muro de Berlim foi construído no ano de 1961 através da Alemanha Oriental, separando-a da Alemanha Ocidental (capitalista). Porém, tal estrutura não separou só um território e duas ideologias, mas dividiu numerosas famílias. Para além de uma estrutura física, o muro de Berlim transportava consigo, desta forma, uma carga ideológica, mas, também, emocional.
Além do aspecto ideológico da construção, havia, ainda, o objetivo de impedir a fuga de cidadãos para a Alemanha Ocidental, que recebeu mais de dois milhões de pessoas do lado socialista entre 1949 e 1961.
Então, porque foi construído o muro?
Construir o muro de Berlim em 1961 fazia total sentido para o líder da Alemanha oriental Walter Ulbricht. A população do seu lado estava a emigrar para o lado ocidental em grande escala, quase que tornando a Alemanha oriental um local deserto.
O fluxo de pessoas do leste de Berlim para o oeste era enorme, pois o oeste (ocidente) vivia uma época de milagre económico.
As raízes do muro apareceram no início da guerra fria, após a Segunda Guerra Mundial. Um dos motivos fora o esforço de Moscovo para retirar os aliados e a sua ideologia capitalista de Berlim ocidental.
Em 13 de agosto de 1961, as tropas de Berlim oriental começaram a colocar os barreiras e arames farpados para cortar a ligação com o resto da Alemanha, criando “checkpoints”, os únicos locais por onde era possível a passagem para o outro lado. O regime comunista apelidava o muro de “Barreira protetora antifascista”, protegendo o seu povo do capitalismo.
Apesar de o muro circundar Berlim ocidental, o “mundo” parecia acabar, para os habitantes de Berlim oriental, naquele muro. Porém, milhares de Alemães do lado oriental ainda tentavam atravessar para escapar deste regime e ir ter uma vida melhor no lado ocidental. Eles tentavam entrar de todas as formas, dentro da bagageira de carros, dentro de capas de pranchas de surf, dentro de aviões cargueiros, de balões… Eles até tentavam nadar pelo rio para chegar à “liberdade”, Berlim ocidental.
A Queda do muro
Em 9 de novembro de 1989, com a crise do sistema socialista no leste da Europa e o fim deste sistema na Alemanha Oriental, ocorreu a queda do muro. Cidadãos da Alemanha foram para as ruas comemorar o momento histórico e ajudaram a derrubar o muro. O ato simbólico representou também o fim da Guerra Fria e o primeiro passo no processo de reintegração da Alemanha. Esse foi um importante acontecimento histórico, pois o muro de Berlim era o grande símbolo da oposição entre o capitalismo e o socialismo, entre a área de influência norte-americana e a área de influência soviética. É por isso que, geralmente, se afirma que 1989 foi o ano-chave da crise do socialismo e das economias planificadas. A queda do muro de Berlim, em 1989, foi um momento decisivo nas transformações que ocorreram no mapa político no final do século XX.
Ainda hoje podemos observar partes que sobraram deste muro, fragmentos de um passado doloroso para a população alemã.
Um quarto de século após a queda do Muro de Berlim, episódio que simbolizou a diminuição de fronteiras, barreiras físicas ainda perduram em diversos continentes.
Muro que separa Cisjordânia e Israel
O Muro da Cisjordânia — ou “Muro da Vergonha”, como é chamado pelos críticos da ocupação israelita — começou a ser construído em 2002, período da Segunda Intifada, e separa Israel do território palestino da Cisjordânia.
Muro EUA - México
Muro que separa EUA e México
O muro construído pelos Estados Unidos na fronteira com o México é o símbolo da política anti-imigração norte-americana. Num esforço contra os chamados “coiotes”, responsáveis por atravessar clandestinamente pessoas pela fronteira, Washington começou a estabelecer barreiras físicas entre as cidades de El Paso e Ciudad Juárez, e também entre San Diego e Tijuana. Com os ataques de 11 de Setembro de 2001, os EUA apertaram ainda mais o cerco, temendo que terroristas pudessem entrar em território norte-americano via México.
Muro Coreia do norte Coreia do sul
Muro que separa Coreia do Norte e Coreia do Sul
Percorrida ao longo do Paralelo 38, a faixa de terra que divide a península coreana em dois países tem 250 quilómetros de comprimento. Após o armistício que interrompeu, sem pôr fim formal à guerra entre os dois lados — símbolo do embate entre as duas superpotências durante a Guerra Fria: o norte comunista, e o sul capitalista —, a linha de território entre as duas fronteiras foi transformada numa zona desmilitarizada. Ou seja, uma faixa “neutra” onde militares das duas Coreias podem transitar, mas sem cruzar a linha que demarca o território de cada um dos países.