Ao longo da história, o homem tem sido assolado por pragas e epidemias que provocam profundas alterações na sua forma de viver, de pensar e de relacionar. Mas tudo indica que, depois do susto passar, ele retome gradualmente o modo de vida anterior. Seguem-se alguns dos maiores sustos que bactérias e vírus lhe provocaram.
Peste Negra
Bactéria: Yersinia pestis
Número de mortos: 75 a 200 milhões
Data: Séc XIV
A Peste Negra teve origem no continente asiático. A sua chegada à Europa terá ocorrido através de caravanas do comércio que se dirigiam para cidades portuárias do Mar Mediterrâneo e nos navios mercantes, transmitindo-se através de pulgas. Estima-se que cerca de um terço da população europeia tenha morrido devido a esta doença na segunda metade do século XIV, o que significa que o número de mortes variará entre 75 e 200 milhões de pessoas.
Inicialmente, a propagação da doença deu-se por meio de ratos e pulgas infectadas. Mais tarde, na fase mais crítica de epidemia a contaminação ocorria por via aérea. Esta peste era denominada de peste negra pelo facto de um dos seus efeitos ser o aparecimento de manchas negras na pele.
Cólera
Bactéria: Vibrio cholerae
Data: 1817
A Cólera é conhecida desde a Antiguidade, no entanto, só teve a sua primeira epidemia global em 1817. Desde esse momento, o vírus sofreu diversas mutações, provocando novos ciclos de epidemia aos longo dos tempos. Este propaga-se por água ou alimentos contaminados, é caracterizada por diarreia, vómito e cãimbras nas pernas.
Tuberculose
Bactéria: Mycobacterium tuberculosis
Número de mortos: um bilião
Data: 1850-1950
A Tuberculose matou cerca de um bilião de pessoas entre 1850 e 1950 e atualmente, ressurgiu com força nos países pobres. Atinge principalmente os pulmões, transmitindo-se através das vias respiratórias, o que, consequentemente, a torna altamente contagiosa. No entanto, é curável através antibióticos.
Gripe asiática
Subtipo do vírus: H2N2
Número de mortos: 2 a 4 milhões
Data: 1957-1958
Desenvolveu-se no norte da China e avançou para Ásia, Oceania, África, Europa e Estados Unidos. Com transmissão inicial para o homem a partir do porco, alastrou-se pelo mundo em dez meses, principalmente por terra e mar.
Como a tecnologia médica estava mais avançada, foi possível detetar o agente com rapidez e trabalhar em novas soluções, como as vacinas. Infelizmente, não foram fabricados imunizantes em quantidade suficiente e o número de mortes foi elevado.
Gripe de Hong Kong
Subtipo do vírus: H3N2
Número de mortes: até 3 milhões de mortos
Data: 1968-1969
Transmitida por aves, sobretudo as que eram criadas soltas e sem cuidados de higiene, provocava febre muito alta, cansaço e dor nas articulações. Com uma progressão rápida e avassaladora, matou muita gente em pouco tempo, sobretudo em Hong Kong, onde a epidemia teve origem, e nos Estados Unidos, onde quase 34 mil pessoas sucumbiram por causa dela. Supõe-se que teve uma taxa de mortalidade mais baixa por ter semelhanças genéticas com a gripe asiática, havendo já alguma imunidade na população
Gripe A
Subtipo do vírus: H1N1
Número de mortos: 200 mil
Data: 2009
O vírus H1N1, surgido em 2009, é geneticamente uma combinação dos vírus da influenza suína, aviária e humana. Começou por ser noticiada como “gripe suína”, com origem no México, mas a OMS alterou a designação para Gripe A. Fez mais vítimas na Argentina, Brasil e México, onde o número de mortes foi quase 20 vezes maior do que no resto do mundo, e 62 a 85% das mortes verificaram-se em pessoas com menos de 65 anos.
Em Portugal, foi acionado um plano de contenção eficaz e, segundo uma análise da Direção-Geral de Saúde, verificaram-se 124 mortes. A indústria farmacêutica desenvolveu rapidamente uma vacina, disponibilizada em massa pelos governos ocidentais, ainda que uma grande quantidade tenha sido destruída sem ser utilizada por não se ter revelado necessária. Portugal, por exemplo, encomendou seis milhões de vacinas, mas acabou por comprar apenas dois milhões de doses por 15 milhões de euros, tendo administrado 700 mil doses – as restantes foram destruídas.
A Gripe A é hoje uma das formas de gripe comuns em circulação e não obriga a tratamento especial, embora possa ser mais agressiva que outros subtipos de vírus da gripe.