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Um rapaz, um gato e pulgas, combinados com muito trabalho e imaginação foram os ingredientes que deram o terceiro lugar na V edição do PRÉMIO CONTO INFANTIL ILUSTRADO CORRENTES D’ ESCRITAS / PORTO EDITORA à turma M03 do 4º ano da Escola Augusto Moreno e que foi entregue na Póvoa de Varzim, durante a Correntes d’Escritas, que decorreu entre 21 e 23 de fevereiro.

 

A notícia deste prémio foi recebida em grande euforia porque “é bom sentir que a imaginação vale alguma coisa e é valorizada pelos outros” e porque, apesar de ter sido o terceiro lugar, foi muito bom “havia escolas de todo o país e ainda de Angola, Moçambique… muitas, eram mais de 80, o terceiro prémio foi muito bom, parecia um sonho”.

Por isso, recordam bem o momento em que a professora lhes anunciou a novidade: “Chegou à sala com uma cara séria, como se não tivesse acontecido nada – era para nos enganar! – mas depois disse “Ganhámos um prémio com o conto OLX (como ficou conhecido no grupo o conto porque o rapaz vendia as pulgas do gato no OLX)” e nós gritámos “EH! EH! EH!””.

O PRÉMIO, instituído no dia 01 de Setembro de 2008, destina-se a galardoar, anualmente, um Conto Infantil Ilustrado inédito, em língua portuguesa, realizado por alunos – conto e ilustração – que frequentem o 4º. ano de escolaridade do 1º. Ciclo do Ensino Básico e visa estimular a criação literária, especialmente o desenvolvimento da comunicação escrita e criativa e destina-se a trabalhos coletivos (realizados por todos os alunos de uma turma). Este foi o desafio que a professora Fernanda Costa colocou à sua turma, que de imediato se lançou ao trabalho. É fácil adivinhar a alegria com que o realizaram pelo entusiasmo com que recontam tudo, desde a escrita de poemas, a realização de ilustrações, a representação à concretização do livro ilustrado que foi premiado.
Este, intitulado “Do azar se fez sorte”, foi construído e ilustrado pela turma. Houve muita discussão e um desses momentos foi a escolha do nome do rapaz. Timóteo acabou por agradar a todos e, dado o nome ao dono do gato, as peripécias começaram. Era preciso limar as palavras, ver qual ficava melhor “escrevíamos no quadro alguns sinónimos, escolhíamos o que soava melhor, o que era mais adequado. Depois havia ainda a ilustração, cada menino ilustrou uma quadra e depois escolhiam-se as que se enquadravam melhor. O final foi recebido com entusiasmo pela turma. Deu muito trabalho, mas nunca quiseram desistir, “quando acabava a tarefa todos diziam Oh!”.
Mas este não foi o único conto escrito e premiado nem é aquele que lhes agrada mais. “O Diário de um menino em vésperas de Natal”, que ganhou o prémio do conto de natal, instituído pela Câmara Municipal de Bragança, é a menina dos seus olhos e aquele ao qual gostariam de dar continuidade.
No momento estão encantadas com outra história, que estão a ensaiar no clube de teatro: a de “Romeu e Julieta”, uma edição juvenil que se encontra entre muitos dos livros que o prémio recebido lhes permitiu obter. “Quando a Porto Editora permitiu que escolhêssemos os livros, entrámos num universo fantástico. Descobrimos livros maravilhosos. A nossa biblioteca e aulas ficaram muito mais ricas”, confessou a docente.
A apropriação desta história fê-las questionar as opções do autor. Por isso, mudariam, se pudessem, o final da tragédia de Shakespeare, que “é muito triste porque morrem os dois. O Romeu disse-lhe que continuasse a viver, mas ela com a tristeza não conseguiu suportar a ausência do seu amado”. Uma das propostas era um final menos trágico, “ela podia beber o veneno e ir logo para o hospital, depois as famílias apercebiam-se do erro que estavam a cometer e faziam as pazes”. Outra sugestão dada foi que “ela poderia ter recebido a carta” ou “terminar com um milagre: quando ela começava a chorar, ele renascia” ou “magia: as lágrimas batiam-lhe no coração e ele renascia”. Depois do entusiasmo na recriação do final, a Lara Silva conclui que talvez a opção do autor tenha sido a melhor, pois “Se Julieta existiu na realidade lá em Verona, o fim não podia ser irreal…”.
Foi breve o silêncio que esta conclusão provocou. Rapidamente regressam aos livros e não têm dúvidas do bem que eles fazem: com eles aprendem, tornam-se mais criativas e até influenciam o comportamento. Verdade irrefutável, para a Soraia Silva “aqueles que se portam mal não leem muito”. E fazem questão de mostrar que vivem no meio destas histórias que a professora partilha com elas na aula e no clube de teatro. Uma é o “som das cores” e a mensagem do livro surge a propósito do comportamento dos meninos “há meninos que têm os cinco sentidos e não os usam bem e há outro que não têm todos e gostariam de os ter”. A sua solidariedade com estes é evidenciada na saudação que nos fazem em língua gestual.
É uma sorte conhecer jovens assim.

 

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