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Surpreendido com tantas "crianças insufladas" num espetáculo pensado para encantar os mais pequenos com a magia da poesia, Pedro Lamares, "O Fraseador", prendeu o público nas malhas das palavras que ia apanhando nos livros que salpicavam o cenário e contribuíam para o ambiente mágico que assinalou o Dia Mundial da Poesia, no Teatro Municipal de Bragança.


Dedicado a João Paulo Seara Cardoso, homenageando com ele o Teatro de Marionetas do Porto, que fundou, o espetáculo foi também uma homenagem a todos os poetas e personagens, cujas vozes, reinventadas pelo fraseador, se cruzaram com pedaços de vida e revelaram como Pedro Lamares se tornou um fraseador e o seu percurso dedicado à poesia, ao sonho e ao teatro. Desde a escolha da profissão à seleção da designação mais correta para esse ofício, que parece ter surgido por acaso quando o poema de Manoel de Barros, poeta brasileiro, veio ter consigo e o encantou, resolvendo-lhe o problema que há tanto sentia. Agora não era declamador, nem "diseur", nem contador de histórias, nem recitador. Era fraseador.
Os episódios soltos contados foram intercalados com poemas de Manuel António Pina, Almada Negreiros, Walter Hugo Mãe, Gonçalo Tavares, Ribeiro Couto, Eugénio de Andrade, Fernando Sylvan, António Gedeão, Álvaro Magalhães, João Paulo Cardoso, Jorge Sousa Braga, Luísa Ducla Soares, Mário Henrique Leiria, Ribeiro Couto, mostrando que a riqueza da poesia reside na multiplicidade de sentimentos que desperta, na originalidade do olhar que observa a vida e nas constantes interrogações que coloca. E tudo isto acontece de forma muito simples, como muitos poemas mostraram.

 

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