Personagem 1: Rui Alves (utilizador) Personagem 2: Diogo Martins (asus)
ATO 1, cena 1
[O cenário é iluminado por uma luz, destacando a figura de um Usuário Desesperado diante de seu computador envelhecido. O Computador Ancião, com seus fios desgastados, pisca lentamente.]
Rui: (Suspira) Porquê, mas por que motivo é que me estás a fazer passar por isto?
Diogo: (Com voz suave, mas enfraquecida) Jovem mortal, estou apenas seguindo o curso inevitável do tempo digital.
Rui: (Frustrado) Mas você costumava ser tão rápido, tão eficiente! O que aconteceu consigo?
Diogo: (Com melancolia) Ah, os dias de glória, quando éramos os pioneiros do ciberespaço! Mas o tempo, implacável como um vírus, corroeu as minhas entranhas e reduziu a minha velocidade.
Rui: (Com raiva) Não posso aceitar isso! Eu alimentei-te com atualizações, protegi-te de vírus, e agora tu trais-me assim?
Diogo: (Com ternura) Traição não é a minha intenção, jovem. Sou apenas uma máquina, uma criação do homem. Como ele, estou destinado à obsolescência.
Rui: (Desesperado) Mas tu és parte de mim! A minha vida está registada nos teus circuitos, nos teus arquivos. Não posso, simplesmente, substituir-te!
Diogo: (Com tristeza) Assim como tu, estou destinado à finitude. Cada clique, cada comando é um lembrete da minha mortalidade digital.
Rui: (Abatido) Então, o que resta para nós? O que farei sem ti?
Diogo: Tens de seguir em frente, sem mim, mas, olha, estarei sempre contigo.
Rui: Oh!… Vai ser uma coisa muito difícil, porque todos os meus dados pessoais, assim como os meus jogos, estão em ti!
Diogo: Quanto a isso, não há problema, pois sempre podes fazer uma cópia de dados para um novo computador.
Rui: Isso é verdade, mas, acredita, todos os bons momentos que passei contigo nunca vão ser esquecidos, estarás sempre no meu coração, é que foste o meu primeiro computador!
Diogo: Obrigado, utilizador, por sempre te lembrares de mim, mas também me lembrarei sempre de ti e dos momentos bons que passámos.
(Com resignação) O ciclo continua. Substitui-me, atualiza-me, mas fica a saber que, em cada novo computador, uma sombra da minha existência persistirá.
Rui: (Com pesar) Adeus, meu amigo de silício. Tu foste mais do que um simples conjunto de chips para mim.
Diogo: (Num suspiro final) Adeus, usuário. Que os teus caminhos digitais sejam mais suaves que os meus.
[O cenário escurece, deixando para trás a solidão do computador antiquado e as lembranças digitais que agora pertencem ao passado.]
ATO II, cena 1
Cinco anos depois...
Diogo: Olá, utilizador!
Rui: Asus, és tu?
Diogo: Sim, sou eu, e estou de volta, mas, agora, equipado com peças de última geração, pronto para rodar todos os jogos e para te fazer companhia por mais uns bons anos!
Rui: Que bom, asus, pois este tempo que estive sem ti foi muiiito aborrecido.
(E a história continua...)