Finalmente chegou a hora de dizer stop. De dizer basta a uma carreira pouco ou nada valorizada, de dizer basta a um caminho que se fez a andar para trás, sem vislumbrar a luz ao fundo do túnel. Tantas e tantas vicissitudes consumadas numa luta inglória e menosprezada.
Falo para ti, professor, que diariamente dás o melhor de ti, com responsabilidade e profissionalismo, que te reinventas na fruição pessoal e o que mais couber nesta flageladora pauta ética. Falo para ti, professor, que fazes quilómetros e quilómetros, para chegares ao teu destino, já que estás sozinho nesta encruzilhada que só te resta cumprir. Falo para ti, professor, que, para além de teres congelada a progressão na carreira, à qual tens direito, tens um salário que envergonha um país a sério e ainda arranjas motivação e ânimo para fazer de cada aula uma aprendizagem efetiva e de cada aluno a singularidade que ele merece.
Finalmente, chegou a hora de dizer stop. Agora, neste preciso instante, estamos todos mobilizados, empenhados em reconstruir uma escola de todos e para todos. A uma só voz, a um só grito, unidos na chama que ainda anima, unidos no amor por esta profissão, que já se constituiu em abraço, em laço…
“Dividir para reinar” é a expressão que melhor se adequa e define quem nos tem representado, sempre com um discurso elíptico, prolixo, no qual a alegoria se enredou na astúcia e num jeito versátil de dizer e desdizer, consoante a negociação que estava em cima da mesa. Até aqui, até parecia que não lutávamos pelos mesmos objetivos, pelos mesmos ideais. Paulatinamente, foram surgindo dezenas e dezenas e dezenas de organizações sindicais, inundando a esfera da educação com promessas vãs. Caramba! Não há professores de 1ª, de 2ª ou de 3ª categorias, somente há professores, uma classe que pretende recuperar a sua dignidade e o seu espaço devedor, na sociedade. Se o professor tiver de pagar com um sentimento de frustração, pois que o pague. Que abandone metas, que fique a meio de aspirações concretizáveis, o certo é que teremos sempre, para nos compensar, o atributo da grandeza moral, confundida, às vezes, com missão.
Finalmente, chegou a hora de dizer stop, num consenso harmonizador, onde a esperança ainda espreita confiável e genuína. Mas nisto da confiança ou da desconfiança com que, diariamente, partimos para mais uma etapa do nosso percurso, tem a ver, ainda, com a valorização do que é transitório. Inevitavelmente, o caminho nem sempre poderá ser animador e, se o fosse, talvez nem pudéssemos saborear o que nos surge de maravilhoso. O risco estará em converter um episódio infeliz numa fatalidade para todo o sempre, sombreando as nossas relações com a comunidade. A tendência é espremer tudo até à última gota… É que, na escola que herdámos e em que perseveramos, o azar tornou-se o padrão pelo qual são aferidas as outras faces da nossa respeitabilidade.