Desde sempre que o homem teve a necessidade de controlar o mundo que o rodeia e todos os fatores externos que o podem perturbar.
Assim sendo, sempre tentou dominar o tempo. Mas será que conseguiu? Fisicamente não! Apesar das inúmeras tentativas de viajar no tempo, tentando regressar ao passado ou antecipar o futuro, ainda ninguém conseguiu ter poder suficiente sobre este elemento que rege e tem uma influência tão preponderante nas nossas vidas.
De facto, a possibilidade de viajar no tempo sempre captou a atenção dos físicos existindo mesmo quem afirme que é possível efetuar essa viagem, como é o caso do físico Gaurav Khanna. Para este, se conseguíssemos viajar à velocidade da luz, ou na proximidade de um buraco negro, o tempo diminuiria, e, sendo assim, ser-nos-ia possível viajar arbitrariamente para o futuro. Mas e para o passado? Será que podemos voltar atrás no tempo?
Segundo a teoria geral da Relatividade de Albert Einstein existe a possibilidade de distorcer o tempo de tal modo que este se dobre sobre si mesmo, resultando num “loop” temporal. Dessa forma, acabaríamos num momento do passado e começaríamos a experimentar os mesmos momentos desde então como se estivéssemos a ter um “dejá vu”.
Com base nessas teorias, físicos como Kip Thorne e Stephen Hawking produziram modelos relacionados com máquinas do tempo. Porém, chegaram à conclusão de que a Natureza proíbe os ciclos do tempo. Ou seja, não permite mudanças na história passada o que em parte não é mau, na medida em que evita uma série de paradoxos resultantes dessa mudança. Nomeadamente, aqueles em que alguém volta atrás no tempo, muda o seu passado e acaba, por exemplo, por matar um avô seu. Trata-se da situação vulgarmente designada por “paradoxo do avô”. Isto provoca uma alteração na história da família do viajante, já que, por via disto, este nunca teria nascido e, por isso, não poderia existir, o que é deveras contraditório! Quem não recorda o filme “Regresso ao futuro” de Robert Zemekis, com Michael J. Fox, que vive as experiências de um cientista e regressa ao tempo da juventude seus pais, tendo de assegurar que eles se conhecem e unem para que ele possa existir?
Em suma, muitas outras hipóteses e teorias foram já colocadas por outros cientistas. Contudo, nos dias de hoje, a possibilidade real de uma viagem no tempo é praticamente nula do ponto de vista prático. Isto porque, embora seja teoricamente possível, ainda não existe a tecnologia necessária para tal!
Isso não invalida que a literatura e o cinema explorem este sonho do Homem e o tornem real, mostrando todas as implicações resultantes do mesmo. Umas vezes mostrando como a possibilidade de viajar no tempo poderia evitar situações negativas, como é o caso do livro de Stephen King, “22/11/63”, cujo herói atravessa as portas do tempo para impedir a morte do presidente Kennedy. Outras vezes, a ficção alia a história à possibilidade de assumir vidas paralelas e cria locais de travessia repletos de misticismo, como “Outlander” de Diana Gabaldon, que decorre sobretudo na Escócia, entre os séculos XVIII e XX, atravessando o período conturbado das lutas que envolvem os escoceses e os ingleses. Finalmente, o livro “Máquina do tempo” do escritor H. G. Wells, transporta o viajante para o futuro, oitocentos mil anos depois, e aí vislumbra uma trágica sociedade dividida em duas fações: os ociosos e pacíficos. Uma metáfora do presente? Um aviso?
Assim, ainda que na realidade o Homem pareça não conseguir viajar no tempo, a não ser através da memória ou dos sonhos, a ficção encarrega-se de lhe fazer a vontade e mostra-lhe as potencialidades e os perigos dessa vontade.