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Nunca se deve perguntar a uma pessoa a idade que esta tem. Por isso, perguntar à vida a idade que esta possui pode tornar-se um desafio, já que esta está em plena sintonia com o tempo, e tal como refere Mário Quintana, poeta e jornalista brasileiro. “O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família.”

Na verdade, a ciência diz-nos que a vida começa pelo nascimento e termina na morte, sendo cada ser humano diferente em termos genéticos, psicológicos, emocionais e físicos. Daí existirem as “fases da vida” que delimitam as etapas, que podemos genericamente designar por infância,  adolescência, idade adulta e  velhice apresentando cada uma destas diferentes necessidades e características que irão moldar a pessoa, consoante a sua evolução.

Por isso, é que os bebés gatinham e depois andam, as crianças vivem livremente os seus sonhos, têm uma imaginação fértil e absorvem avidamente tudo o que as rodeia, que os adolescentes tendem a criar uma base de amigos e vivem ansiosamente todas as transformações que o corpo manifesta e o seu desejo de emancipação, os adultos tentam construir uma carreira, uma vida afetivamente estável e têm a sua personalidade construída e os idosos buscam sossego e descanso. Todas essas transformações se dão devido a um conjunto de alterações orgânicas e psíquicas que ocorrem do berço até à etapa final. Que modificam com o tempo.

Segundo a ciência, a idade em que somos mais felizes é por volta dos 25 anos, pois o nosso corpo está nas condições ideais e, tanto emocionalmente como em termos de relacionamentos com os outros, estamos num nível muito estável e somos, portanto, felizes. Nem todos concordam, no entanto, com esta ideia. Exemplo disso é a poesia de Fernando Pessoa que perspetiva a infância como tempo de felicidade, por afastar dela o tormento da consciência. 

Em alternativa, a filosofia diz que a vida e as suas diferentes idades são uma busca pela liberdade e que cada um de nós é tão diferente quanto os nossos desejos, história e atributos. A felicidade é necessária em todas as fases da vida e é consoante esta que devemos crescer como seres humanos, para sermos autossuficientes, como diz Antístenes, e para a nossa alma encontrar uma função, como refere Platão. A filosofia determina que a idade em que somos verdadeiramente capazes de apreciar a vida é aquela em que conseguimos implementar a virtude e a justiça conjugadas com a felicidade intelectual que entregam uma função à alma e a complementam com prazer.

Dizem que seja qual for a fase da vida em que estejamos, o que interessa é a maneira como a aproveitamos e tanto a ciência como os filósofos gregos refletem e estudam a questão da vida e aquilo que ela é, mas, no fundo, cabe sempre a cada um de nós escrever o nosso próprio caminho e aproveitá-la na sua plenitude, seja qual for a idade que sentimos ou apresente: “Viver o mais intensamente, arriscar sempre. Se tivesse 100 anos para viver, eu ainda não teria tempo para fazer tudo o que quero fazer.” (James Dean)

 

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