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Algo que faz parte da nossa televisão, algo que todos os que têm possibilidades económicas têm. Estes famosos “caixotes” (que agora não passam de quadros em que a imagem se mexe e muda) são do piorio, eis o porquê:
Uma pessoa está a ver televisão muito descansada e, quando vai a dar por ela, está encurralada a ver a pior praga deste país: as novelas. Elas infiltram-se nas nossas televisões e só saem para dar lugar a outras. Estas Novelas são tão ou mais educativas do que um livro em branco.

Abordam tantos temas interessantes, como traições, homicídios e negócios, temas totalmente estranhos e exóticos neste país. Possuem, igualmente, um feitiço que nos impede de sair ou mudar de canal até que acabe e antes que comece a outra no segundo seguinte. Quando uma pessoa vê uma novela, pode logo começar a escrever outra, porque a diferença entre elas é tão grande como uma bactéria. Se ao menos só existisse uma, o país ainda se governava; como são dezoito mil e grande parte são tão nacionais como a “Channel” ou o “Starbucks”, o país está sempre melhor.
Depois temos os programas de entretenimento, que nunca nos dizem para ligar para o 760 100 200, nós é que ligamos porque nos oferecem 50 mil milhões de euros. Ligamos tanto que até nos dizem constantemente para não o fazermos mais. Claro que estes programas têm intervalos relativamente curtos e tão poucos que uma pessoa sente saudades da publicidade e, além disso, passam músicas que ninguém está farto de ouvir e que nós tanto adoramos. Apresentam convidados tão interessantes como “Hoje temos Manuel Carvalho, que faz de António da Couves na novela “Educação da Melhor”, e “Não perca hoje à noite o confronto final entre Maria da Horta e Joaquina Gertrudes na Novela “Nada Copiada”, ou “Hoje temos connosco os concorrentes mais inteligentes da Casa dos Segredos 4, que até sabem soletrar o próprio nome corretamente”.
Quando achávamos que a desgraça já era grande, surge a “Casa dos Segredos” que já vai na sua 5ª edição. Um belo Programa que supera os outros dois, porque junta a educação e cultura das novelas e os telefonemas que nos pedem tanto para não fazer que nós amamos num programa, 2 em 1, portanto dizem que “A casa dos segredos é um reflexo da nossa sociedade”. Se assim for, somos tão ou mais inteligentes do que uma porta, mas não do que uma porta qualquer, porque, se se tratar daquelas inteligentes e automáticas, não alcançamos tão alto nível.

 

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