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Em que consiste a propagação in vitro?
R.: Consiste em manter, num ambiente estéril e controlado, plantas, de maneira a otimizar a produção, quer seja de biomassa, quer de compostos secundários (usados em farmacologia, cosmética e biotecnologias).

 

Quais são os benefícios associados a esse tipo de propagação, relativamente à propagação vegetativa tradicional?
R.: Primeiro, é um processo através do qual se produzem plantas livres de doenças, devido à assepsia. Plântulas são enraizadas e estão prontas para a plantação e crescimento, o que é melhor do que o recurso a sementes e a estacas.
Depois, é uma técnica segundo a qual se obtêm milhares de plantas, enquanto nos processos convencionais se obtêm apenas entre dezenas a centenas, no mesmo período de tempo.
Finalmente, outra vantagem reside no facto de conseguirmos controlar tudo, tanto os nutrientes, como a temperatura e o fotoperíodo, facilmente.

Quais as desvantagens associadas à propagação vegetativa in vitro?
R.: Requer pessoal especializado e determinados equipamentos técnicos.

Como é que surgiu a iniciativa da micropropagação da Stevia?
R.: Foi devido a um projeto de produção agronómica da Stevia, para saber quais as melhores condições para se proceder à sua propagação no nosso país, visto que é uma planta originária da América do Sul, portanto, oriunda de climas tropicais e subtropicais, diferentes do nosso. Pretendemos criar condições para ela estar no máximo da sua produção, e podermos ter material para fazermos análises, quer dos óleos essenciais, quer dos açúcares, fenóis ou vitaminas.
Além disso, estamos também a fazer um estudo mediante diferentes implementações no terreno, para averiguar acerca de possíveis alterações em termos de biomassa ou de produção. Tencionamos descobrir qual é a suplementação ótima e a altura do corte ideal, para os agricultores tomarem conhecimento disso.
Por outro lado, também procuramos saber mais acerca da fisiologia da Stevia e até que ponto as suas características constituem um benefício para o Homem.

Qual a importância biológica da Stevia?
R.: A Stevia é uma planta com características adoçantes, que produz determinados compostos: açúcares ligados a terpenos. É ótima para comida light e comida de diabéticos, uma vez que é hipoglicémica. Ela entra e sai no nosso organismo, não sendo metabolizável, o que constitui uma vantagem. Além disso, tem propriedades medicinais: é um bom antioxidante, tem vitaminas e outros compostos com efeitos bioativos a nível da saúde humana.
Num outro contexto, a Stevia tem muitas folhas, onde se acumulam compostos importantes que servem, por exemplo, para afastar pragas, atrair polinizadores e dispersores de sementes, sendo, ainda, essenciais para se defenderem dos animais herbívoros.

Tencionam continuar com o processo de micropropagação, de modo a tornar esta planta acessível a toda a população de Bragança?
R.: Nós não somos propriamente uma empresa e a nossa capacidade de produzir tem algumas limitações. Assim sendo, não o podemos fazer, pois o nosso trabalho baseia-se meramente na docência e na investigação. Contudo, fornecemos algumas plantas. Há alguns projetos que estão a ser avaliados, tendo como parceiros empresas que podem tornar esta planta acessível à comunidade.

Acha que há alguma possibilidade de, futuramente, se proceder à propagação da Stevia em casa, sem ser em condições asséticas?
R.: Pode ser experimentada a sua plantação, porém, o seu crescimento e manutenção não são garantidos, uma vez que, como já referi, as condições edafoclimáticas da nossa região são muito distintas das ideais para a sua propagação. É exatamente por este motivo que a sua cultura in vitro é uma mais-valia, implicando, claro, as condições asséticas.

 

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