por Fernando Calado
Quando pretendemos fazer uma análise sociológica das mudanças que ocorrem nas instituições, ou organizações, ao longo do devir histórico é frequente consultar a imprensa de várias épocas, no sentido de validar a investigação para dar consistência a uma teoria.
Nesta perspectiva, para compreender as profundas mudanças no sistema educativo ao longo do tempo, dos métodos de ensino-aprendizagem, das motivações, da história do Agrupamento de Escolas Abade de Baçal, é sem dúvida, obrigatório a consulta aos números editados da Revista Presença e do Jornal escolar “Outra Presença”.
E aqui há uma história de entusiasmo, de gosto pela escrita, de motivação científica e tecnológica, mas também afectiva, criando uma dinâmica motivadora para tornar a escola num espaço atractivo, onde o processo de aprendizagem seja um prazer, numa linha de construção permanente.
E logo verificamos que o Agrupamento de Escolas Abade de Baçal fez uma longa caminhada da antiga Escola Industrial e Comercial de Bragança, para a Escola Secundária da Sé, Escola Secundária Abade de Baçal/3 e actualmente Agrupamento de Escolas Abade de Baçal.
E toda esta mudança, não foi só de nome, mas também de níveis de ensino, ficando o registo para a História e o testemunho de boas práticas plasmado, primeiro nas páginas da revista escolar “Presença” a que se seguiu, na senda da qualidade e dinamização da comunidade escolar, o Jornal “Outra Presença”
Dois tempos, duas leituras do mundo, duas formas diferentes de comunicar, mas sempre o mesmo ideal de tornar a escola num espaço muito atractivo, numa escola cultural, onde os alunos cresçam em idade, sabedoria e humanismos, rumo à cidadania que torna o homem mais feliz e responsável.
Muito me honra, no entusiamo dos primeiros anos como docente na Escola Secundária da Sé, em colaboração com outros colegas, ter estado na fundação do Jornal “Outra Presença”. Era um tempo em que o jornal nascia da mestria do recorte de imagens e textos para de seguida ser fotocopiado. Depois surgiu a novíssima possibilidade de recorrer aos primeiros e raros computadores que permitiam a paginação. A Escola ainda não tinha recursos informáticos e a paginação era feita num jornal local. Hoje, a “Outra Presença” tem meios próprios, um importante apoio informático e tecnológico e sobretudo a vontade, empenho e formação científica da docente da escola, Luísa Diz Lopes, coordenadora do jornal e do Clube de Jornalismo que há muitos anos abraçou esta causa. A motivação que Luísa Lopes, outros docentes e alunos, bem como o apoio incondicional das diversas direcções da escola, permitiram uma forte tradição do jornalismo no meio escolar que despertou nos alunos quase uma paixão pela escrita e pelo jornal “Outra Presença” que paulatinamente se tornou numa referência a nível Nacional, tendo ganho vários prémios para os melhores jornais escolares.
Estou quase de partida da minha escola, aproxima-se a aposentação. Mas é uma honra e um privilégio, neste último ano ter regressado ao Clube de Jornalismo do nosso Jornal “Outra Presença” e sentir a vida duma redacção onde os alunos, com um entusiamo enorme se transformam em autênticos jornalistas na elaboração da reportagem, na procura da notícia, na investigação jornalística e mesmo na paginação. Escolas assim fazem a diferença, fazem-nos acreditar que a vida é uma coisa muito bonita e que o Jornal “Outra Presença” dá um sentido estético, ético e cultural à escola que é o orgulho de todos nós. Os homens passam o que ajudaram a construir fica. Em jeito de despedida desejo que o Jornal “Outra Presença” fique para sempre recordando o passado, engrandecendo o presente, preparando o futuro.
