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Junho de 2021

 

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Palavras que marcam

     
Nuno Camarneiro,  "No meu peito não cabem pássaros"
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O tempo pode ser entendido a partir de várias perspetivas, determinantes no modo como é gerido e na importância que tem para a natureza, para o homem e para a sociedade.

Um dos aspetos que deve ser considerado é a sua grandeza associada às várias fases do desenvolvimento dos diversos fenómenos da natureza e do Homem. Como fenómeno regulador da Natureza podemos salientar as divisões do ano e a organização dos povos e de muitas das suas atividades a partir do conhecimento e da atenção dada às estações do ano, à sequência dos dias e das noites e à própria divisão do dia em horas, minutos e segundos. Com efeito, a agricultura rege-se em função da estação decorrente e, por outro lado, os horários da escola e dos empregos têm por base as horas e os minutos do dia.

Em termos da influência do tempo no Homem, podemos destacar as formas de viver, evoluir e de sentir. Nas formas de viver sobressai a adaptação do Homem ao contexto onde nasce em termos de clima, situação geográfica e atividade profissional. De facto, alguém nascido em África, onde as temperaturas são elevadas, e que trabalha na agricultura tem de ter hábitos e formas de vestir díspares de um europeu que vive num país nórdico e que trabalha num escritório.

A evolução do Homem em termos sociais e culturais depende em grande parte do uso que faz do tempo. Enquanto que há povos que se mantêm distantes da rapidez com que este passa, há outros que se regem fundamentalmente por este, na medida em que tudo o que fazem tem em conta o tempo que o demoram a fazer. Realmente, para os nossos antepassados a passagem do tempo verificava-se, não através das horas dadas por um relógio ou smart-watch, mas sim pela posição do Sol. Estes trabalhavam de sol a sol sem darem grande ênfase ao tempo, visto que as suas preocupações se centravam na convivência com os vizinhos e no conceito de família e não verdadeiramente no tempo gasto em cada atividade. Neste sentido, estas contrastam com a preferência pela evolução individual ao nível profissional que hoje em dia vigora, dado que não veem como uma necessidade a concretização dos objetivos propostos para esse dia.

A perspetiva atual do tempo incide na tentativa de evoluir o máximo no menor tempo possível. Esta permitiu criar condições de saúde, de habitação e de comunicação entre os povos que vieram atenuar a sensação de rapidez e de efemeridade da vida. A tecnologia é uma das áreas que mais evoluiu e que veio inovar todas as outras. De facto, entre os avanços da medicina, da construção civil e das ligações humanas, esta permitiu que a humanidade pudesse viver mais tempo e com uma melhor qualidade de vida. Sem a tecnologia mais moderna, as cirurgias, a construção de certos edifícios e todas as viagens, quer físicas, quer virtuais, que se fazem nos dias de hoje não seriam possíveis.

Quanto ao sentir, podemos salientar várias perspetivas psicológicas de ver e viver a sociedade. Assistimos nos povos “ditos” mais desenvolvidos à sensação de falta de tempo para quase tudo e, consequentemente, de um stress constante. Isto deve-se à existência de mais metas para serem alcançadas do que o próprio tempo que se tem para as atingir. Deste modo, o ser humano é, por vezes, incapaz de dar a devida atenção ao seu semelhante e, muitas vezes, a si próprio. Com efeito, nas cidades, pessoas que vivem no mesmo prédio e que, por isso, se veem quase todos os dias, não têm ligação e, às vezes, não dão sequer “as boas horas” quando passam.

Por outro lado, ainda é possível recordar a vida de muitos dos nossos antepassados onde a perspetiva de bem-estar e de relação entre vizinhos era prioritária sobre qualquer outra, cultivando-se assim a ideia de que havia sempre tempo para tudo e de que no dia seguinte tudo se repetiria de forma idêntica ao dia anterior. Por isso, caso hoje ficasse algo por fazer, no dia seguinte haveria tempo para o terminar.

Em suma, os Homens têm diferentes formas de percecionar o tempo: enquanto que para uns passa a correr, para outros, os dias demoram muito a passar. Ou seja, embora o tempo seja igual para todos - o relógio anda sempre ao mesmo ritmo em todas as partes do mundo - cada um o sente à sua maneira (tempo psicológico).

Muitas outras perspetivas poderão ser desenvolvidas, contudo é indiscutível que muito do que somos ou podemos vir a ser está diretamente relacionado com o tempo e com a gestão que fazemos dele, daí a sua importância.

 

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